O GTMDA tem como foco principal oferecer formas mais avançadas para Interação Humano-Computador, as quais permitam o entrelaçamento de agentes humanos e sintéticos em espaços midiáticos compartilhados e distribuídos, em tempo real, através de redes de computadores de alta velocidade e com grande volume de informação. Essa convergência de Arte e Tecnologia é uma área que emerge da tensão criada pela confluência entre a Arte e as novas mídias digitais, investigando como acontece essa nova forma de pensar e fazer Arte com suporte tecnológico.
Historicamente a primeira transmissão de vídeo com o padrão HDTV, em tempo real e via rede IP de alta velocidade, aconteceu em 2001, em Denver, Estados Unidos. A experiência foi uma realização do consórcio Internet2 (I2), tendo chegado a uma taxa de transmissão de 1,5 Gbps. No Brasil, a RNP, utilizando enlaces configurados sob tecnologia óptica, elevou a capacidade de comunicação entre os nós do backbone para até 10 gigabits por segundo, o que significa cerca de 40.000 vezes mais rapidez em comparação a uma conexão doméstica de 256 Kbps. Com a nova rede, a RNP equiparou-se às principais redes avançadas do mundo, como Géant2 (Europa), CaNet*3 (Canadá) e Internet2 (EUA). Na ocasião do lançamento do novo backbone nacional foi feita uma transmissão com taxa de 2,5 Gbps entre os pontos conectados para a apresentação do espetáculo de dança telemática “Versus”.
Nessa ocasião o Laboratório LAVID (Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital) da UFPB foi responsável pelo provimento da infraestrutura de comunicação necessária a realização do experimento. Todo o aparato tecnológico foi preparado manualmente e voltado exclusivamente à realização do “Versus”. Através das imagens projetadas, o grupo que estava em Salvador (ponto 1) interagia em tempo presente com um grupo de dançarinos em Brasília (ponto 2). Ao mesmo tempo, a música era criada e operada em João Pessoa. O resultado dessas relações pôde ser visualizado em tempo-real pelos usuários da rede e presencialmente pelo público do evento em Brasília.
Através dessa experiência podemos observar a necessidade de um processo sistêmico para o provimento da infraestrutura tecnológica que forneça o arcabouço ferramental imprescindível para apoiar a realização desse tipo de manifestação artístico cultural. A infraestrutura deve ser montada de maneira tal que todos os elementos (pontos de aquisição/exibição, pessoas, máquinas, etc) estejam em completa sinergia, tendo cada elemento um papel importante no contexto do evento e o conjunto dos mesmos levando a finalização da obra.
É importante ressaltar esse tipo de experiência necessita de requisitos críticos em relação à qualidade das mídias manipuladas e aos baixos retardos necessários para sua execução, obtendo assim um resultado próximo do real. Pretendemos apoiar grupos que trabalham com música, teatro, dança e afins para que eles usem a infraestrutura a ser desenvolvida para composição de sketchs, concertos musicais, apresentações artísticas de forma transparente e natural, fazendo com que o GTMDA tenha impacto socioeconômico que justifique o seu custo final.
Além disso, temos outros interesses na sistematização nessa infraestrutura. Do ponto de vista tecnológico é importante ter ferramentas para monitoria e medição de dados que possibilitem o estudo do impacto desse tipo de experiência nas redes de alta velocidade. Dessa forma, é possível estudar estratégias e políticas mais eficientes para garantir qualidade ao atendimento do serviço provido pela rede, especialmente, em tempo real e com mídias de alta definição (e conseqüentemente grande volume de dados). Outra intenção é possibilitar a integração da infraestrutura com outras redes, como redes de sensores, via ferramentas como o software Isadora que captura informações MIDI provenientes dos sensores acoplados no corpo dos dançarinos e já é utilizado pelo grupo de Salvador. Do ponto de vista artístico, a sistematização pode colaborar para o projeto de novos experimentos de forma mais simples e disponível, como também na troca de experiências através do desenvolvimento de um repositório distribuído de imagens, vídeos, fotos, texto analítico e descritivo dos experimentos realizados.
A infraestrutura proposta consiste em utilizar resultados obtidos pela equipe do LAVID/UFPB nas Fases I e II do GTVD e do GTTV e GigaVR para implementação de um arcabouço de software e hardware especialmente projetado para apoiar a realização de eventos midiáticos distribuídos e em tempo-real.
Durante estes projetos foi desenvolvida uma infraestrutura de software com capacidade para distribuir vídeo digital de alta qualidade ao vivo (serviço de distribuição desenvolvido na Fase II do GTVD), sob demanda (serviço de recuperação desenvolvido na Fase I do GTVD) e vídeo de baixa qualidade em um sistema de videoconferência H.323 (serviço conversacional desenvolvido no projeto Infravida). Nos serviços de transmissão ao vivo e sob demanda desenvolvidos, não havia a preocupação de dar suporte a aplicações envolvendo troca de informações entre usuários (serviço conversacional). No sistema de videoconferência desenvolvido não era objetivo dar suporte a transmissão de alta qualidade do áudio e vídeo gerado pelos interlocutores. Assim, no projeto ora proposto, pretendemos integrar os resultados anteriores aproveitando os componentes desenvolvidos para dar suporte a transmissão de vídeo de alta qualidade, com os desenvolvidos para dar suporte a comunicação em tempo real entre grupos de usuários. A estratégia a ser adotada será a implementação de MCUs (Multipoint Control Units) com capacidade para manipular áudio e vídeo de alta qualidade e operar com retardos muito baixos de forma cooperativa e distribuída.
A Figura acima mostra uma visão esquemática da infraestrutura proposta constituída dos seguintes elementos principais:
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